Minha alma é suja
de gordura
igual um fogão
que aguarda
um bom banho
de sabão
Ela está encardida
pelo sebo da vida,
que se acumula:
nas frestas
das feridas
nas pestanas
mal dormidas
nas cicatrizes
mal curadas
nos sorrisos
em alegrias
que não
foram poucas
Minha alma
cozinhou uns lamentos
fritou um bocado de fúria
assou sinas sentimentais
amou uma flor do campo
sim, se desgastou demais
Ela é sobre tudo
minha alma,
imunda pelo uso e
nunca será vendida
pois não a nada
que pague
as lembranças
nela contidas
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