terça-feira, 16 de janeiro de 2018

4. Sobre grávidas e gatos



Aconteceu no trem rumo a capital umas duas estações após meu embarque. Estava me apoiando na viga de metal que percorre os vagões quando uma moça sentada diante de mim fez menção de sair, logo outra mulher que julguei grávida surge e com isso me faz recuar tomando a dianteira e sentando.

Me perguntei posteriormente como pude inferir a gravidez uma vez que não possuo visão de raio x com base apenas em uma evidência circunstancial da barriga ligeiramente mais pronunciada. Em razão disso me recordei de um relato narrado por uma colega na época de faculdade que se disse "de cara" com uma parente que lhe desejou felicidades pela criança que estava por vir acontece que ela estava tão somente com barriga e criou-se um desnecessário constrangimento.

Agora como proceder em uma situação como as descritas aqui? para responder creio que se faz necessário traçar um óbvio paralelo a questão lógica proposta por Schrödinger, que estabeleceu o seguinte enigma hipotético:
Se um gato está retido numa caixa acompanhado de um frasco contendo veneno em qual condição ele se encontra, estará vivo ou estará morto.
A partir dessa premissa Schrödinger foi capaz de estabelecer três possibilidades igualmente plausíveis a primeira coloca o gato em estado de óbito a segunda define que o animal se encontra vivo e por fim a terceira estabelece que este pode se encontrar em ambos os estados previamente estipulados "vivo/morto" ou tornado em um zumbi se assim preferir.

Acontece que na questão da suposição de gravidez existe a ocorrência assim como demonstrado no experimento de Schrödinger da dúvida razoável a mulher pode e igualmente não pode estar grávida e diante das duas situações distintas aqui retratadas é mais adequado não arriscar ou seja supor o estado dúbio "vivo/morto" ou melhor descrevendo "existência/não existência" de nascituro afim de evitar embaraços.

E com esse "estado" de gravidez estabelecido a atitude de recuar diante da suposta grávida na disputa por um acento no trem se demonstra coerente uma vez que se eu tivesse avançado e me sentado correria o risco plausível de gerar uma ofensa para a tal mulher grávida. Porém no outro caso a atitude tomada pela parente de minha colega estava muito aquivocada pois se existe a dúvida razoável o silêncio é a resposta uma vez que em cerca de 12 ou menos meses a depender do estágio da suposta gravidez está se veria informada a cerca do novo membro da família.

Por fim não vou entrar na questão do bem estar do hipotético animal de  Schrödinger mas imagino qual atitude teriam o Goiaba e o Leão os dois gatos companheiros da minha namorada se colocados em semelhante situação retirando da questão o veneno por motivos evidentes, não existiria espaço para suposições tão logo enclausurados ambos é bem provável iriam destroçar a caixa com suas garras e certamente se divertiriam muito com isso.

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